A onda de invasões de terra que o MST promete desencadear nesta semana em todo o país tem um pano de fundo político: forçar uma declaração pública da presidenciável petista, Dilma Rousseff, sobre o tema da reforma agrária.
A ex-ministra da Casa Civil é vista com dúvidas entre os sem-terra já que, enquanto ministra, pouco se aproximou dos movimentos sociais ou apresentou idéias para a questão fundiária. Dirigentes do movimento costumam se referir a ela como uma "desconhecida".
Agora, no calor do "abril vermelho", a expectativa do MST é que a petista seja provocada pela imprensa a se posicionar sobre a série de invasões: defenderá as ações ou se aliará a PSDB, DEM e bancada ruralista para condená-las? Apresentará alguma proposta sobre o tema, como metas de assentamentos, ou se manterá neutra?
Em contato com a direção petista, o MST avisou que não apoiará formalmente nenhum candidato no primeiro turno das eleições a presidente, assim como já ocorrera em 2006.
Apesar disso, aguarda um posicionamento de Dilma sobre o tema para indicar os rumos de engajamento eleitoral de seus militantes, historicamente próximos a candidatos do PT.
A saia justa que se ensaia para Dilma lembra o caso vivido pelo presidente Lula, na época candidato, no início de 2002.
Em março daquele ano, um dia após o MST ter invadido a fazenda dos filhos do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em Buritis (MG), Lula se apressou em condenar a ação, sob o temor que a vinculação de sua imagem ao movimento o prejudicasse naquela campanha.
A diferença é que Lula, na visão dos sem-terra, já tinha uma longa trajetória ligada à reforma agrária, tendo participado, por exemplo, do primeiro congresso nacional do movimento, em 1985. Enquanto Dilma, segundo palavras do principal porta-voz do movimento, João Pedro Stedile, é "ignorante" e "não entende nada" de projetos sobre a questão rural.
Stedile diz que o MST fará campanha "contra Serra", mas o movimento, embora tenha enviado representantes ao congresso do PT, que lançou Dilma como pré-candidata em 20 de fevereiro, não fará manifestação de apoio oficial a nenhum candidato no primeiro turno.
Pauta
A onda de invasões prometida pelos sem-terra para esta semana virá acompanhada de uma pauta de reivindicações que se repete há anos.
Os principais pontos são promessas não cumpridas por Lula: atualização dos índices de produtividade usados pelo governo na avaliação de áreas passíveis de desapropriação, ampliação do orçamento para a reforma agrária e os assentamentos das famílias acampadas à beira de estradas no aguardo de um lote de terra.
Neste ano, para minimizar críticas, uma estratégia do movimento será evitar invasões de prédios públicos e fazendas produtivas.
Fonte: Folha de São Paulo
Fonte: Folha de São Paulo
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