Prezado
Presidente do Clube Atlético Mineiro,
Alexandre
Kalil,
Venho,
por meio dessa, pedir desculpas. E agradecer. Aliás, mais agradecer que pedir
desculpas. O que você fez por este Galo nunca foi feito antes. Você adiantou
nossa história, atrasada por más gestões, em 10 anos.
Do
dia 30/10/2008, lembro-me de você eleito, e, quando carregado, chorou e lembrou-se
do seu pai. Lembro como me senti vendo você encarando de frente críticas e
problemas. Lembro-me de tentar ter paciência para planejamentos mesmo vendo dia
a dia nosso time ser derrotado e levar surras fora de campo.
Sabe,
Kalil, a maioria da torcida hoje não viu seu pai ser presidente. A maioria de
nós não viu o Atlético guerreiro de seu pai, ou dos antecessores. Quem nasceu
da década de 80 em diante viu um Atlético diferente. Da década de 90 em diante,
quase sempre bagunçado. Às vezes muito forte, mas mal gerido, em outras fraco,
mas guerreiro, porém nunca completo. Lembro-me do esforço que foi 1999, onde estivemos
pertos (ah, como estivemos!), mas tropeçamos em um rival estruturado em 2 anos.
Nosso planejamento era de três em três meses. E quem era o peito aberto naquela
gestão? O Senhor, Kalil, era a “cara dada a tapa” em um clube sem presidente.
Vivemos então uns 3 anos de time equilibrado que não se sustentava. O futebol
estava em crise, e o Galo sofreu muito com isso. Vimos calados nosso rival
conquistar o que lhes faltava, e, depois disso, só comemorávamos o fato de
sermos atleticanos. Vibramos com uma goleada inesquecível, culminada com um gol
de costas, que será eternamente lembrado, mas não trazia novidades. Tivemos sim
alguns elencos bons, porém, eram equipes sem estrutura, que sistematicamente
brigavam em partes da tabela que não eram compatíveis com a grandeza de nosso
clube.
Mas
em 2008, ao final do ano, você entrou. A princípio foi muito difícil, um
técnico querido, mas ultrapassado, que não durou um campeonato mineiro. 2009
seguiu e, por um momento, faltando 7 rodadas pro final do BR-09, só dependíamos
da gente. O final foi melancólico, mas parecia que a maré mudaria. Os anos
seguintes também não foram bons, e amargávamos resultados e piadas do rival que
já se tornavam quase irrevidáveis. Sua paixão era como a nossa, e víamos seu
abatimento e preocupação. A situação do clube doía no torcedor, que se revoltou
contra você.
Torcedor
não enxerga dia a dia, Kalil. Torcedor não acompanha trabalho interno. Torcedor
não via que a estrutura construída era para caber, em tamanho real, o gigante
encaixotado que o senhor recebeu. O que nós não esperávamos veio. O que há
muito nossa própria garganta suprimia seria gritado, mas não sabíamos. Ninguém
sabia. Aliás, acho que o senhor sabia, mas quis que nós torcedores víssemos.
Cheguei a achar que o Galo precisaria se reinventar, esquecendo que um dia foi
grande.
Neste momento, reneguei você em sua reeleição, reneguei minha
esperança, minha alma. Ainda vi um contrato com um estádio menor, que
aparentemente diminuiria a torcida. Como eu te amaldiçoei por isso. Kalil, qual
raiva não senti. Kalil, como eu odiei sua presença no meu Galo naquele momento,
e COMO EU ESTAVA ERRADO! Ah, Deus, obrigado, eu estava errado! Que delícia foi
pagar a má língua nesse tempo.
Estava
deitando para dormir numa noite, incrédulo por saber quem estava começando a
jogar no Galo. Aí li aquele seu tweet, falando “à minha torcida: somos grandes
demais”.
Essas
palavras me desarmaram. Desarmaram uma massa que só protestava, e havia
comemorado muito timidamente uma conquista invicta. Vimos uma serie de
injustiças, aliadas a um desempenho fraco como visitante, nos tirar um
campeonato brasileiro que tinha nosso nome reservado a ele. Tentaram rir do
nosso vice, mas o senhor, Kalil, não permitiu. Aquele 2012 foi o estágio final,
a etapa de aprendizagem que faltava.
O ano
de 2013 foi inesquecível. Você e sua mania de grandeza devolveram o tamanho ao
Atlético-MG. Sua obstinação foi compensada com juros e correção cármica. Kalil,
ganhamos uma Libertadores; UMA LIBERTADORES! Qual torcedor imaginaria que sairíamos
do tal jejum de 40 e tantos anos (pra mim 15, pois uma Conmebol nunca pode ser
desprezada) com uma LIBERTADORES?
A
taça de 2013 não foi qualquer uma. Para você, não bastava ganhar, mas ganhar
junto com toda a torcida. Queria que a torcida ganhasse os jogos. E fez, um por
um, uma nação acreditar. O lema da vida de muita gente hoje se tornou acreditar.
E acreditar se tornou Atleticar. Nós acreditamos, nós atleticamos, nós,
atleticanos. Todos os seis anos de gestão estavam justificados ali, mesmo com o
tropeço no Marrocos. Doeu, mas pra quem sofria com 15º lugar na tabela, aquela
dor era fácil ser suportada.
E
mesmo com a taça conquistada, mesmo com a tal ressaca de títulos, você teve
amparo de pessoas competentes que não te deixaram sossegar com essa conquista.
Vimos o governo segurar nosso dinheiro e isso se tornar um avanço para a
contínua restruturação que você consolidou. Vimos um time que brigaria somente
por G4 se engrandecer, e, aos 39 minutos do segundo tempo da sua gestão, a
torcida acreditou. Acreditamos porque você e sua mania de grandeza nos
refizeram gigantes, acreditamos porque a cachorrada nunca vai abandonar a fé
inabalável, necessária para ser torcedor do Galo. Você fez a torcida soltar um
grito entalado por injustiças que vinham desde a época do seu pai. E, quando
tudo pareceu perdido, nós ATLETICAMOS. E conquistamos uma copa vencendo aquele
que foi chamado de o “Clássico dos Clássicos”. Vencemos um título nacional
contra o maior rival, eliminando o segundo maior rival e uma pedra no sapato
“de lambuja”. Uma conquista no nível Panteão dos Heróis Nacionais.
Kalil,
hoje, em dia de tempestade, o torcedor do Galo leva a camisa ao varal, pendura
ela e grita aos ventos: “Aqui É GALO”.
Kalil,
hoje a imprensa se rende ao dizer que não se pode duvidar nunca do nosso time;
Kalil,
hoje nossa categoria de base aparece fazendo gol da vitória em clássicos;
Kalil,
hoje o mundo conhece o nome do Clube Atlético Mineiro;
Kalil,
hoje o mundo teme a torcida do Galo;
Kalil,
hoje o Galo é o maior mandante do planeta;
Kalil,
me desculpa. E obrigado.
Kalil,
nunca nos esqueceremos.
Por: Mário Romualdo - Legião Alvinegra no twitter
DO BLOGGER:
Nosso
eterno presidente Alexandre Kalil, obrigado por tudo que você fez pelo nosso
Galo...!!!
Toda
a Nação Atleticana lhe será eternamente grata por tudo....!!!
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