Repórter
Secreto desmascara a farra das horas extras que fez R$ 6 milhões evaporarem dos
cofres de Dionísio Cerqueira.
O
Repórter Secreto está em Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, para mostrar
como é que de grão em grão o ratinho encheu o papo.
Madrugada
do dia 1º deste mês, interior de Santa Catarina. Equipes da Polícia Civil se
preparam para operação Última Hora. Sente a lista de acusações contra a turma
que vai ser presa e indiciada.
“Peculato,
formação de quadrilha, falsidade ideológica, estelionato, corrupção ativa,
corrupção passiva e atos de improbidade administrativa, milhões”, destaca o
delegado.
“A
gente acredita que o rombo seja aproximadamente R$ 6 milhões. O rombo inicial,
porque a investigação está apenas começando, e é apenas a pontinha do iceberg.
Vai ocorrer muito mais”, diz o delegado.
É por
isso que o repórter Eduardo Faustini vai acompanhar a operação para saber:
“Cadê o dinheiro que tava aqui?”
Seis
e meia da manhã em Dionísio Cerqueira, cidade catarinense que fica na fronteira
com a Argentina. Justamente porque a cidade fica na fronteira, todo cuidado é
pouco, por isso um helicóptero reforça a operação.
A
Polícia Civil chega na casa do secretário municipal de Saúde. O secretário se
chama João Carlos Stahl, e daqui a pouco você vai saber o motivo da prisão
dele. Dele e do resto da turma.
Também
vão em cana a secretária de Assistência Social, Marilene Limbérguer, a diretora
do hospital municipal, Deliziane dos Santos e Luiz Fernando Angelli, do setor
de compras e licitações da prefeitura.
No
que ficou sabendo da lambança, o prefeito Altair Rittes, do PT, apareceu na
delegacia. Quando entra, não fala nada. Quando saiu, é confrontado pelo
repórter Eduardo Faustini.
Fantástico:
Por que esse seu pessoal foi preso, prefeito?
Prefeito:
Segundo o delegado, por causa de hora extra paga indevidamente. Mas tanta coisa
acontece por esse mundo afora. Querer me dizer que vai prender pessoas por hora
extra.
Você
que é funcionário de firma, ou tem gente na família que bate ponto, sabe que
hoje em dia hora extra não é brincadeira. Em boa parte das empresas, hora extra
só em último caso, não é isso? Pois bem. Então veja por que essa operação se
chama "Última Hora".
“O
esquema das horas extras, ele funciona já há muito tempo no município, e ele
consistia no pagamento fixo de 60 horas mensais para servidores que são
simpatizantes ou apadrinhados. O prejuízo estimado é em torno de R$ 6 milhões
nos últimos anos”, diz Ana Laura Perônio, promotora de Justiça - SC.
O
esquema também envolvia laranjas. “Esse pagamento, ele acontecia pra servidores
que são comissionados e que há uma vedação expressa de recebimento de horas
extras, e para que esses servidores comissionados pudessem receber esses
valores, era feito através de laranjas”, conta a promotora.
O
prefeito afirma que muitas horas extras foram pagas de acordo com a lei. “Tem
pessoas que recebiam, mas ficavam de plantão, de sobreaviso 24 horas. Será que
isso foi considerado?”, diz o prefeito.
Muita
coisa foi considerada. Por exemplo: os servidores que confirmam a falcatrua. O
vídeo acima mostra a conversa entre duas funcionárias municipais. O papo foi
gravado com autorização da Justiça.
Funcionária1:
O delegado me ligou. Tu acredita que alguém aí do hospital foi denunciar? Daí
eu falei para ele: só que essa pessoa que foi fazer essa fofoca não imagina que
todo mundo ganha hora extra.
Os
servidores indiciados, até agora são cerca de 20, também confirmam o esquema.
Em um depoimento, uma funcionária pública afirma que recebia 60 horas extras
por mês e admite que nunca trabalhou fora do horário normal. Tem mais. O
delegado que comandou a operação está seguindo o rastro de mais dinheiro.
“Há
indícios de fraudes em licitações. Se esses indícios forem comprovados,
certamente o valor ultrapassará esse valor inicial”, diz Eduardo Mattos,
delegado da Polícia Civil – SC.
É
como ele mesmo disse no início da reportagem: a pontinha do iceberg.
Em
outra ligação, um alto servidor da prefeitura diz que quer que um empresário
local participe de uma licitação de equipamentos médicos para a coisa toda
ficar com aparência legal. “Eu queria pelo menos dois envelopes, três, porque
ele tem duas ou três empresas, sabe? Para ele mandar a participação de duas
empresas, cotar nem que seja o preço máximo. Senão nós vamos ter que fazer
outro processo de novo”.
O
prefeito Altair Rittes, do PT diz que ainda não tomou conhecimento das acusações: “Eu
precisava ter sido ouvido para poder justificar cada caso”.
No
dia da operação, ele teve apenas uma conversa rápida com o delegado. Disse que
se sentia triste.
“Isso
que eu falei para o delegado, a minha tristeza e minha insatisfação da gente
fazer um governo excepcional e ver um espetáculo desse no teu município, quando
o espetáculo devia ser pelas coisas boas que a gente vem fazendo”, diz o
prefeito.
Em
Dionísio Cerqueira, tem eleitor que vê a cidade de outro jeito. “Você vai no
posto de saúde, não tem um remédio, não tem um comprimido, o hospital é jogado
às traças. Tem barata, tem tudo quanto é coisa naquele hospital”, diz Leda
Istris, cozinheira.
“Já
tem roubo que chega no Brasil e quem paga somos nós”, diz Darci Lisboa,
reflorestador.
Todos
os presos já foram soltos. Vão responder em liberdade. Nenhum deles quis dar
entrevista. E o prefeito Altair Rittes ficou cinco dias afastado por
determinação da Justiça e já reassumiu o cargo.
“É um
prejuízo inestimável. Valores que deixam de ser ocupados em saúde, em educação,
em benefício de toda população, e não apenas daqueles apadrinhados políticos”,
diz a promotora.
Por
isso, senhor prefeito, se o negócio é hora extra, já passou da hora de o povo
saber: cadê o dinheiro que tava aqui?
Assista
ao vídeo da matéria, clique [AQUI]
Por: Programa Fantástico – Rede Globo
OPINIÃO DO BLOGGER:
Por
vários anos, esse mesmo esquema criminoso, foi praticado na Prefeitura
Municipal de Sete Lagoas.
O prefeito Márcio Reinaldo, assim que assumiu a
prefeitura em janeiro de 2013, proibiu o pagamento
dessas horas extras que não era feitas.
Lembro-me
bem, na época, a “hidrofobia” de alguns vereadores contra o prefeito por sua
atitude de austeridade com o dinheiro público, foi até extrema.
Não
tenho a menor dúvida, se o prefeito Márcio Reinaldo
não tivesse acabado com essa bandalheira em nossa prefeitura, hoje esses mesmos
vereadores, estariam criticando o prefeito pelo crime.




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