segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

CARTA ABERTA DO MILITANTE DO PT

Sete Lagoas? Qual rumo tomar?

Iniciarei esta análise do momento político em Sete Lagoas com o seguinte ensinamento que a sabedoria oriental nos legou:

Um Jovem aprendiz, vendo as dificuldades que tinha para se tornar um sábio pergunta:
- Mestre, como faço para me tornar um sábio?
E o mestre respondeu:
- Boas escolhas, meu rapaz, boas escolhas.
Intrigado com a resposta, o jovem insiste:
- Mas como fazer boas escolhas?
O mestre sem pestanejar responde:
- Baseia-se na Experiência, meu rapaz.
O jovem mais intrigado ainda volta a perguntar:
- E como se adquire experiência, mestre?
O mestre abriu um largo sorriso e disse:
- Más escolhas, meu rapaz, más escolhas.

O PT definitivamente fez uma má escolha política ao se aliar ao Prefeito Maroca, quando do processo eleitoral. Digo má escolha política, pois enquanto estratégia eleitoral a escolha foi a melhor possível, o partido elegeu três vereadores.

Reconheço que não havia alternativas naquele momento. De todo modo, o partido escolheu um caminho e agora se encontra em uma situação inusitada diante do quadro político que se desenha no município.

A má escolha política se desenhou desde as articulações para a composição do governo. Maroca tomou posse e sequer conversou com os partidos que o apoiaram, montou seu secretariado baseado em critérios de avaliação pessoal, dando um “verniz”, dizendo que estava compondo um governo com quadros técnicos.

O PT foi imediatamente alijado do processo de construção governamental. O mais engraçado é que me lembro de ter participado de uma reunião partidária no início de 2008, quando o Maroca foi formalmente solicitar apoio ao partido, naquela época disse que não poderia oferecer a vaga de vice, que já estava comprometida e que não tinha dúvidas que seu Secretariado contaria com maioria petista. Confesso que nunca acreditei naquilo, pois a experiência me dizia que não passava de falácia pré-campanha.

Alguns companheiros tiveram a antevisão de enxergar onde as escolhas do Maroca chegariam com a composição governamental e partiram diretamente para critica. Para lembrar aos demais companheiros, vocês se lembram da carta que o Fábio Nepomuceno circulou? Lembro-me que ele foi quase execrado, pois ele antevia o desastre político do governo Maroca e propunha um rompimento imediato com seu governo. De todo modo, era preciso paciência política e o PT teve, na minha opinião até demais. Eu preferi manter-me distanciado, até para honrar alguma coerência, pois eu havia participado do governo anterior.

Confesso que adquiri mais experiência com más escolhas e cheguei a conclusão que devemos manter firmes nosso pensamento de esquerda e construir uma alternativa realmente inovadora para a vida política e administrativa de Sete Lagoas.

O Maroca compôs seu governo e de imediato mostrou sua face conservadora, direitista, utilizando-se de um racionalismo que nega a política como campo de disputa, procurando sempre um discurso “conciliador”, desde que seu governo não fosse questionado, pois afinal ele era herdeiro de uma herança maldita.

Maroca iniciou seu governo na posição de vítima. Seu governo foi vitimizado pelo governo anterior, daí a explicação de não se poder ter grandes iniciativas.

Mas na realidade essas são justificativas que se sustentam por um certo período e se sustentaram. Passados pouco mais de 1 ano, o Prefeito mostra sua face conservadora, nepotista e equivocada ao iniciar mudanças em seu governo. Se Maroca fosse menos conservador, ele teria enxergado que o nepotismo está destruindo seu governo. Ele teria iniciado suas mudanças a partir do Secretário de Obras, que é seu irmão e que tanta responsabilidade tem para com as decisões governamentais, tais como a não reforma das escolas públicas que foram fechadas por determinação judicial. Vale lembrar que a Secretaria de Educação fechou o ano de 2009 com cerca de R$ 6.000.000,00 no caixa, montante este mais que suficiente para as ditas reformas, que não ocorreram por pura retaliação política do Secretário de Obras para com a Secretária de Educação. E o que fez o Prefeito Maroca? Mantém seu irmão no governo e exonera a Secretária de Educação. Uma péssima escolha que ajudará o seu governo a se afundar ainda mais.

Sete Lagoas precisa saber das ações devastadoras que o Secretário de Obras realiza à frente daquela pasta e que tanto fragiliza as ações de seu irmão Prefeito.

O nepotismo desgasta a capacidade de investimento da administração da cidade e desperdiça recursos essenciais para a condução de programas, principalmente aqueles voltados para combater a desigualdade social. Quer exemplo maior do que este da reforma das escolas?

Para piorar ainda mais a situação do governo, o Prefeito Maroca exonera a Secretária de Ação Social, que vinha estabelecendo as bases corretas para a adoção de políticas de assistência em Sete Lagoas. A Secretária Léa, detentora de um currículo invejável na área de assistência, com ligação direta com o Ministro Patrus Ananias, foi exonerada por dotar o município de uma política de assistência que confronta o assistencialismo que vinha sendo praticado e que tanta contribuía para a eleição de determinados vereadores. Pode-se afirmar que o Prefeito deu um tiro no pé, ao realizar mais uma inflexão conservadora.

Com esta atitude, o Maroca afronta o Partido dos Trabalhadores, uma vez que a Léa vem das nossas hostes partidárias e vinha adotando medidas necessárias para instituição de políticas de assistência.

Olhando para um cenário de futuro próximo, o Maroca descarta o PT de sua administração, porque tem compromissos com o seu partido para o próximo pleito eleitoral e reduzindo a participação petista no seu governo, ele dificulta ainda mais a prática de boas políticas públicas governamentais que é a marca do modo petista de governar. Os companheiros que ainda permanecem no governo, têm papel apenas secundário no que tange às decisões políticas, exceção é claro do companheiro Flávio de Castro. O Flávio tem um papel central no governo Maroca, mas tende a ficar isolado, ser apenas uma voz que clama no deserto. Muito provavelmente, ele, em seu papel central no governo deva se desgastar com o PT, pois mesmo sendo um técnico experiente e capaz, não deve conseguir implantar o Orçamento Participativo, compromisso que o Maroca tinha com o PT e que hoje não dá a mínima para isto, preferindo dar mais importância a um tal de “Governo Itinerante”, idéia do vislumbrado Secretário de Governo dele. Chamo o Secretário de Governo de vislumbrado mais pela prática que ele tem demonstrado à frente da pasta do que qualquer outra coisa, para isto basta lembrar o lamentável episódio que ele protagonizou com um fiscal da Secretaria de Meio Ambiente, ao sentir-se com poder para ajudar um amigo em particular. Esse rapaz ainda não aprendeu a fronteira entre o interesse público e o interesse privado, preferindo a miscelânea dos dois, para justificar seus desmandos.

Da má escolha política do PT às boas escolhas que definirão o futuro político de Sete Lagoas

De certa forma o PT necessitava passar por essas dificuldades para adquirir a tal experiência. Os companheiros têm aprendido bastante, principalmente aqueles que compõem os gabinetes dos vereadores. Destaco o papel do companheiro Cláudio Busú, que foi protagonista de importantes emendas ao orçamento municipal para garantir a efetividade do Orçamento Participativo. Garantido os recursos na ordem de R$ 3.000.000,00 para 2010, o Prefeito Maroca fica na obrigação de dar uma resposta à sociedade Setelagoana, quanto da adoção ou não de tal política.

O PT tende a ir para uma posição de confronto com o Prefeito, a menos que ocorra uma mudança nos planos dele para sua relação com o partido. Como bem disse o companheiro Cláudio Drumond: “Que o Silvio trabalhe pela unidade do Partido tudo bem. Agora, melhorar o relacionamento com o atual Governo? Nós o tratamos (Prefeito Maroca e seu governo) muito bem, com consideração e respeito. Ele é quem não anda respeitando o PT, pois o argumento de crise mundial, sem recursos financeiros, blá blá blá blá blá para não cumprir o compromisso com o OP, é conversa para boi dormir . . .”

A afirmação do Cláudio Drumond sintetiza o sentimento petista com relação ao governo Maroca. O Maroca tem desrespeitado o PT, como instituição e como um partido que tem a devida experiência para mudar os rumos políticos de Sete Lagoas.

As boas escolhas políticas do PT passam por um rompimento de relacionamento com o Prefeito e por uma atuação mais crítica na Câmara dos Vereadores. Evidentemente que o comportamento legislativo deve considerar os reais interesses da sociedade Setelagoana, bem como as estratégias que o partido tem para mudar a realidade social da nossa cidade. O PT necessita de uma atuação mais crítica, mais pró-ativa na Câmara, precisa ser intransigente quanto à aplicação de boas políticas públicas governamentais. Acho esse o grande desafio para os debates internos do partido.

O PT deve adotar uma posição de independência, marcar a política Setelagoana como o partido capaz de transformar nossa realidade administrativa, política e social. Temos história para isto, temos capacidade para isto, temos experiência para isto e temos estrutura para isto. Resta-nos acreditar em nossa capacidade e sermos propositivos para a sociedade Setelagoana.

Um bom campo de disputa pelas nossas políticas está no processo eleitoral que se avizinha, o PT tem que participar efetivamente desse processo. Temos nomes que podem representar o partido na região, temos discurso, temos práticas, poderemos marcar pela diferença que temos em relação às políticas conservadoras. O PT tem que entrar na arena de disputa e honrar nossas melhores tradições, afinal partido político tem que se apresentar para a sociedade. O Mesmo afirmo para o pleito municipal de 2012.

Não podemos ficar reclamando o leite derramado do governo Maroca, temos que construir uma política pós-Maroca. Temos que assumir que acreditávamos nesse governo e que ele (e não nós) é quem está traindo os anseios da sociedade Setelagoana.

Por fim, conclamo aos companheiros para entrar no debate sobre nossas posições, os rumos que o partido deve tomar e seguirmos firmes rumo a uma sociedade Setelagoana mais justa e fraterna.

Enio Eduardo Pereira da Silva
Militante Petista.

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