A campanha de Dilma contará com estrutura milionária e o partido está disposto a desembolsar R$ 120 mil mensais em aluguéis só em Brasília
Por: Sérgio Pardellas
Pelos movimentos recentes do staff da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, tudo indica que não vai faltar dinheiro à candidata do governo. Uma estrutura milionária está sendo preparada para abrigar os núcleos da campanha petista à Presidência. Há três semanas, o PT e emissários do partido negociam o aluguel de quatro mansões, todas localizadas no Lago Sul, bairro mais nobre de Brasília. Uma delas será a nova casa de Dilma, que terá de deixar em abril a residência oficial da Casa Civil, mas não pretende sair da luxuosa e caríssima Península dos Ministros, dona do metro quadrado mais caro da capital federal. Para atender a ministra, o partido, que ainda tem dívidas na praça das eleições anteriores, vai ter de desembolsar mais recursos. Nas outras casas, funcionarão a área de inteligência ou o que os petistas chamam de escritório da campanha, o telemarketing e o estúdio de televisão. Batido o martelo sobre os valores e imóveis que estão em avaliação, a campanha de Dilma contará com uma estrutura jamais vista numa candidatura ao Palácio do Planalto. Mais portentosa e robusta, inclusive, do que a da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas duas últimas eleições. “Confirmo duas. Estamos alugando uma casa para a Dilma e outra para servir de escritório.
A casa da Dilma é no Lago Sul. A do escritório será alugada até julho e a do comitê será perto da sede do PT. A do escritório ainda não fechamos o negócio. Não vamos dar os endereços agora, vocês vão descobrir quando começar a campanha”, disse à ISTOÉ o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Para não fazer muito alarde, o PT escalou uma pessoa fora da direção da legenda para negociar preços. Trata-se de Benedito Oliveira, da Gráfica Brasil. Durante a semana, ISTOÉ conversou com corretores de Brasília, que confirmaram que o mercado de aluguéis da capital ficou em ebulição a partir da saída do emissário do PT a campo. No total, o comando da campanha de Dilma está disposto a desembolsar até R$ 120 mil mensais com o aluguel dos imóveis. Conhecido no partido como Bené, ele negociou o aluguel de uma das mansões mais sofisticadas da cidade. Localizada na QL 12, a mansão de cor salmão acomodava até o ano passado o exembaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel. Situada na beira do Lago Paranoá, com cinco suítes e 800 metros quadrados de área construída, hoje está alugada pelo dono do Hotel Naoum, Aroldo Azevedo. Apesar do valor do aluguel – cerca de R$ 50 mil mensais –, o PT estava disposto a custeá-lo para abrigar Dilma. Parte desse valor, cerca de 30% do total, seria liquidada à vista. O negócio estava avançado. Mas, durante a semana, o PT preferiu recuar com receio da repercussão negativa depois que a notícia saiu do mercado de imóveis de Brasília e foi parar no site do jornalista Cláudio Humberto.
LAR, DOCE LAR
A candidata Dilma entrou pessoalmente nas negociações
comandadas por José Eduardo Dutra
De olho nos altos valores em discussão, um dos representantes da Kalu Imports, empresa de Home Theaters e projetores de tevê, que hoje é a proprietária de outro imóvel em que o PT está interessado, chegou a reclamar com amigos do recuo petista. “Não queremos perder esse grande negócio”, desabafou. Questionado por ISTOÉ sobre as tratativas com o PT, Leandro Ferreira, que se apresentou como responsável pela empresa em Brasília, foi evasivo. “Ainda não recebi proposta alguma. Mas pode ser que eu venha a receber”, disse. Neste imóvel, também localizado no Lago Sul, o PT pretende abrigar o estúdio de tevê da campanha, onde trabalharia a equipe do marqueteiro João Santana. Temendo mais uma notícia negativa para a campanha, Dilma entrou pessoalmente em campo e passou a negociar o aluguel de outra casa para ela morar até o fim do ano. Em vez da mansão de Sobel, uma casa localizada no conjunto ao lado, também na caríssima Península dos Ministros. Ali morou Márcia Kubitscheck, filha de Juscelino. Hoje, a residência com três suítes e 1,2 mil metros quadrados, pertence ao ministro do Superior Tribunal de Justiça, Aldir Passarinho, mas está vazia. Abordado por ISTOÉ, um dos caseiros que cuidam do local confirmou a negociação: “De fato, o pessoal do PT veio aqui para alugar a casa para a Dilma.” O preço não é tão alto quanto o da mansão de Sobel: R$ 15 mil mensais. É quanto o partido também pretende pagar no imóvel onde irá funcionar o setor de inteligência da campanha, na casaestúdio, para as gravações do programas de tevê, e na de serviço de telemarketing.
ESTÚDIO DE TE VÊ
Abaixo (foto), a casa onde o PT quer instalar
o marqueteiro João Santana
Este, também uma inovação em termos de campanhas eleitorais, vai enviar 500 milhões de mensagens gravadas de Dilma para os eleitores em potencial em todo o País. O aluguel dos três andares de um prédio, onde vai funcionar o comitê central da campanha petista à Presidência, a ser inaugurado em julho, também está em negociação. O prédio fica perto do Diretório Nacional do PT, no Setor Comercial Sul de Brasília, região central da capital. Os proprietários do imóvel pediram R$ 42 mil mensais de aluguel, mas o PT tenta reduzir o valor para R$ 30 mil. O argumento é de que o local precisa de uma ampla reforma. Mesmo que o preço do comitê seja menor, nunca antes numa campanha será gasto tanto com aluguel. A campanha de Lula gastou em 2006 com locação de bens imóveis R$ 200 mil no total. O então candidato do PSDB ao Planalto, Geraldo Alckmin, desembolsou ainda menos: R$ 94,3 mil em toda a campanha. Procurado durante toda a semana, Benedito de Oliveira, o emissário petista nas negociações imobiliárias, não retornou as ligações até o fechamento desta edição. A proximidade do “corretor” com o governo do PT é inquestionável. Além de atuar como representante comercial da Gráfica Brasil, Benedito também é um dos sócios da Dialog Comunicação e Eventos Ltda.
Na Esplanada dos Ministérios, Bené é conhecido pela facilidade com que consegue emplacar vultosos contratos nas licitações de órgãos como o Ministério da Saúde e o do Turismo. Uma das estratégias usadas por Benedito para se tornar um vencedor de licitações é utilizar preços irrisórios, misturados a valores de mercado, prática considerada ilícita por órgãos de fiscalização, em um ministério e, assim, ter acesso a praticamente toda a Esplanada. Desde 2006, graças ao bom trânsito e à habilidade de Benedito, a Gráfica Brasil faturou R$ 90 milhões do governo federal. Já a Dialog ganhou R$ 40 milhões nos contratos firmados nos ministérios, em menos de dois anos. Desde 2007, a Dialog assumiu a organização de grandes eventos patrocinados pelo governo, como a realização do seminário da Copa do Mundo de 2014, no Rio de Janeiro, e o lançamento do canal digital em São Paulo pela TV Brasil. Mas a empresa ganhou notoriedade mesmo após receber R$ 1,2 milhão para preparar, em fevereiro do ano passado, o rumoroso encontro de prefeitos para promover a ministra Dilma Rousseff como candidata ao Planalto. O evento foi questionado no TSE pela oposição, que acusa a ministra de fazer campanha antes do tempo.
Fonte: Revista ISTOÉ
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