terça-feira, 19 de julho de 2011

Carnaval e filosofia...

A imprensa divulgou essa semana que nosso querido carnaval não terá a já tradicional folia dos blocos de Sete Lagoas. Não estamos aqui para discutir as escolhas da administração municipal, mas algumas atitudes nos levam a filosofar em torno da Festa do Rei Momo, que tradicionalmente não caberia qualquer filosofia, mas neste caso, cabe muito bem.

Como pode ser observado, a prefeitura alega que não há dinheiro em caixa para bancar os quatro blocos da cidade. Mas usou até mesmo a ilegalidade para não repassar qualquer verba para o carnaval de rua. Eles disseram que os blocos não tinham registro formal para receber verba pública.

Ai que inicia nossa filosofia. Tradicionalmente o carnaval é uma festa do povo - apesar de pessoas ganharem rios de dinheiro com a segregação entre elite e povão na festa. Os blocos são manifestações populares, feitos de forma espontânea, sem qualquer pretensão de formalidade. Não é isso o espírito carnavalesco? Então deixamos a pergunta: porque os blocos precisam tanto serem formais e legais juridicamente? Por que será que precisam burocratizar até mesmo o carnaval? Será que a ilegalidade não os tornam legitimamente uma manifestação cultural espontânea? Será que o caminho indicado pela administração de legalizar de forma jurídica os blocos não os vão tirar essa espontaneidade?

Alguns secretários deveriam subir com seus caros sapatos importados o bairro Santa Luzia, ou Garimpo, e conhecer de perto o trabalho feito pelos blocos, que vão muito além do simples resgate ao carnaval tradicional. Muitas vezes eles assumem uma responsabilidade do poder público, e que não é visto por quem tapa os olhos para as áreas de vulnerabilidade social.

Obs.: Em tempo... Um dos nomes mais importantes neste resgate do carnaval de blocos, o grande Saúva, nos contou que em uma das reuniões na prefeitura, um secretário teria dito a seguinte frase dirigido à eles: "Vocês não existem". Sabemos que o secretário queria dizer que eles não são legais juridicamente. Mas que a frase pegou mal, isso é verdade. Por isso o próprio autor da frase pediu desculpas logo depois ao nosso amigo Saúva, mas já parecia tarde demais.

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