Se o
advogado Sacha Reck, especializado em transportes, realmente fechar acordo de
delação premiada e contar tudo o que sabe e em que se teria se envolvido, muita
gente do setor de transportes e da política vai perder noites de sono.
Preso
na Operação Riquixá II, em 29 de junho de 2016, que apura fraudes em licitações
no Paraná, Sacha foi solto em 5 de julho por decisão ministro Sebastião Reis,
do STJ – Superior Tribunal de Justiça.
Sacha
Reck negocia delação premiada com o Gaeco – Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Paraná.
Segundo
o procurador Leonir Batisti, coordenador do Gaeco, as negociações avançaram
para a delação.
De
acordo com as investigações do Ministério Público, Sacha Reck atuou em conjunto
com a empresa Logitrans, do pai dele, Garrone Reck, em licitações de 19 cidades
de diversas regiões do Brasil.
Os
editais eram fraudados com o apoio de funcionários públicos para beneficiar
grandes grupos empresariais de ônibus, em especial o Grupo Comporte, de
Constantino Oliveira, e a família Gulin, do Paraná, que atua em grande parte do
país.
A
delação de Sacha Reck também pode contribuir nas apurações da Operação Lava
Jato atingindo nomes importantes do PT e do primeiro escalão do governo Michel
Temer.
Sacha
Reck tinha como sócio o advogado Guilherme Gonçalves, que foi preso em 26 de
junho de 2016 na Operação Custo Brasil, um dos desdobramentos da Operação Lava
Jato. Guilherme Gonçalves foi solto em julho pelo ministro Dias Toffoli, mas a
PGR – Procuradoria Geral da República recorreu ao STF para que ele volte à
cadeia.
As
investigações mostram que o escritório de Guilherme Gonçalves, que trabalhou em
duas campanhas da senadora Gleisi Hoffmann, do PT, recebeu mais de R$ 7 milhões
entre 2010 e 2015 por meio de esquema de propina que funcionava no Ministério
do Planejamento.
Segundo
despacho do juiz federal Sérgio Moro, o escritório Guilherme Gonçalves &
Sacha Reck Advogados recebeu R$ 4,65 milhões da Consist.
A
Consist foi contratada por entidades que assinaram acordo de cooperação com o
Ministério do Planejamento para gerir o software que autoriza pagamentos
consignados de servidores federais. Havia desvios de recursos.
Estas
entidades que contrataram a Consist são a Associação Brasileira dos Bancos –
ABBC e o Sindicato Nacional das Empresas
Abertas de Previdência Complementar – Sinapp.
As
apurações apontam que foram simulados contratos de consultoria para justificar
a saída dos recursos do Ministério do Planejamento. Os investigadores calculam
que até R$ 52 milhões foram repassados para operadores do esquema de corrupção por
meio desta transação fraudulenta.
Parte
do dinheiro recebido foi transferida ao Partido dos Trabalhadores, por
intermediação do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Nesta
18ª Fase da Operação Lava Jato, no dia 23 de junho, foi preso o ex-ministro Paulo
Bernardo, do Planejamento do governo Lula e das Comunicações no primeiro
governo Dilma.
A
delação de Sacha também deve fazer referências ao ex-vice-governador do
Distrito Federal, Tadeu Filippelli.
Filippelli
é hoje um dos principais assessores do gabinete de Michel Temer e ocupava o
cargo no DF quando foi realizada a licitação dos transportes locais com
indícios de fraudes em benefício das famílias de empresários de ônibus,
Constantino e Gulin.
O
ex-governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PT, que era responsável
pela gestão que compreendeu a licitação de transportes em 2012, também deve
parar na delação de Sacha Reck.
TRANSPORTES:
Os
Ministérios Públicos do Distrito Federal e Territórios e do Paraná descobriram
uma série de fraudes e direcionamentos em licitações de transportes em ao menos
19 cidades de sete estados, com atuação efetiva do advogado Sacha Reck para
beneficiar empresários de ônibus que contratavam os eus serviços e os da
consultoria da Logitrans, empresa do pai de Sacha, Garrone Reck.
Entre
os negócios de transportes beneficiados irregularmente, segundo as
investigações, estão as companhias de ônibus do Grupo Comporte, de Constantino
Oliveira, fundador da Gol Linhas Aéreas, e da família Gulin, do Paraná, com
atuação em diversas cidades brasileiras.
Os empresários negam.
Entre
as cidades com suspeita de direcionamento estão Marília/SP, Jaú/SP, São
Sebastião/SP, São José do Rio Preto/SP, Florianópolis/SC, Joinville/SC Pontal
do Paraná/PR, Foz do Iguaçu/PR, Guarapuava/PR, Paranaguá/PR, Maringá/PR,
Telêmaco Borba/PR, Piraquara/PR, Belém/PA, Campo Grande/MS, Uberlândia/MG, Sete
Lagoas/MG (TURI),
Brasília/DF e Porto Seguro/BA.
Em
muitos casos eram convocadas empresas parceiras para forjarem uma espécie de
concorrência e direcionarem o resultado.
Estas
empresas parceiras conseguiram depois privilégios em outros sistemas.
O
suposto esquema, de acordo com os Ministérios Públicos, funcionava da seguinte
maneira:
1 –
As prefeituras lançam concorrência para selecionar as empresas de ônibus
2 – A
empresa Logitrans, que teve nas épocas das concorrências como diretor Garrone
Reck, pai de Sacha Reck, monitora onde há licitação e consegue prestar
assessoria às prefeituras para elaborar os editais.
3 –
No entanto, Sasha Reck e o pai Garrone Reck já eram contratados anteriormente
por empresas interessadas nestas licitações em operar os sistemas de ônibus.
4 –
Os editais são modificados ou elaborados de acordo com a conveniência da
Logitrans, de Sacha Reck, de Garrone Reck e de empresários de ônibus,
principalmente das famílias Constantino e Gulin.
5 –
Em muitos casos, os técnicos das prefeituras mandam os editais ou minutas com
XXX ou outros espaços em branco para que Sacha Reck preenchesse como os
empresários de ônibus quisessem.
6 –
Quando era necessário, empresas de ônibus parceiras das famílias Gulin e
Constantino figuravam estar interessadas na licitação somente para forjar uma
concorrência, que na verdade, nunca existia.
7 –
As empresas de ônibus então ganhavam e permaneciam nos sistemas de acordo como
quisessem operar. Assim tarifas eram mais altas, linhas cortadas e havia menos
exigências de qualidade. Quem sofre assim é o passageiro.
8 –
Tudo ocorria com o envolvimento de funcionários públicos.
Em
Sete Lagoas, tudo ocorreu no ano de 2007.
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