O concurso é na cidade de Londrina no
Paraná, porém uma ideia que deveria ser copiada em Sete Lagoas...!!!
O
processo seletivo que irá, segundo o prefeito eleito Marcelo Belinati (PP),
definir o secretário da Educação de Londrina (381 km ao norte de Curitiba)
recebeu 129 inscrições. Deles, 70 vivem na cidade, mas há também "gente do
Ceará, da Paraíba, do Mato Grosso, de São Paulo", comentou o político. O
prazo terminou na terça-feira (15).
Belinati
foi eleito no primeiro turno, com 51,57% dos votos válidos, e irá comandar
pelos próximos quatro anos a cidade de 553.393 habitantes, segundo maior
município do Paraná e o quarto do Sul do país.
"Será
um processo semelhante ao da escolha de um CEO de uma empresa", prometeu o
novo prefeito. "Haverá análise curricular, psicológica, se pessoa tem
conhecimento da rede pública municipal de Londrina", elencou. "Serão
selecionados de três a cinco nomes, submetidos a mim, que darei a palavra
final."
A
opção pelo "concurso" não foi uma promessa de campanha. "Veio
depois [do resultado nas urnas]. Eu tinha a ideia de fazer isso para toda a
administração. Mas priorizei a Educação", explicou. "Quero mudar essa
lógica [da indicação política]."
"Nós
inovamos em relação ao João [Dória, tucano que comandará São Paulo a partir de
2015] (risos). Espero que ele se inspire em nós (risos)", brincou
Belinati. O político garante que não há custos "nem para a prefeitura, nem
para os inscritos".
Questionado
pelo UOL sobre o motivo de fazer o processo apenas para a escolha do secretário
da Educação, e por que não o estendeu para, por exemplo, a Fazenda ou a Saúde,
ele disse que o "processo de escolha é lento e demorado, mas não está
descartado".
Apesar
de a seleção estar em curso, Belinati disse não descartar nomeações políticas
no lugar do candidato aprovado para o cargo.
"Mesmo
no processo seletivo [do secretário da Educação], a experiência em gestão
pública será levada em conta. E não há [no acordo com a empresa que realiza a
seleção, a Vetor Brasil] a obrigatoriedade expressa de que o nomeado deverá ser
escolhido entre os finalistas", acrescentou.
"Tanto faz", diz sindicato
Presidente
do Sindiserv (Sindicato dos Servidores Municipais de Londrina), Marcelo
Urbaneja não demonstrou empolgação com o método anunciado pelo prefeito eleito
para escolher o secretário da Educação. "É uma ideia que ele teve, está
dentro da prerrogativa dele, então ele faz como achar melhor. Não temos que
opinar a respeito disso", afirmou.
"Para
nós, é indiferente. Nem positivo, nem negativo. Quando [o novo secretário] for
escolhido, teremos que negociar condições de trabalho, número de alunos em sala
de aula, toda a pauta que temos, que será trabalhada com qualquer
secretário", argumentou.
"Ele
[Belinati] está procurando maneiras de inovar, achou que esse ato atenderia a
esse propósito. Não vejo como [algo] marqueteiro. A Secretaria da Educação
sempre foi a menina dos olhos [da cidade]: 100% dos professores têm nível
superior, muitos têm pós-graduação, alguns têm mestrado", afirmou
Urbaneja.
Segundo
o prefeito eleito, Londrina tem mais de 40 mil estudantes na rede pública
municipal, distribuídos em 116 escolas, 34 centros de educação infantil
próprios e 53 conveniados. O presidente do sindicato informa que cerca de 3,8
mil professores trabalham para o município, mas "4,5 mil seria o número
ideal."
"É
uma proposta bastante ousada, e positiva. Vejo com bons olhos a tentativa de
buscar talentos que trabalhem com Educação, para dar um impacto na área.
Normalmente, se escolhe um professor bem preparado da casa, ou um indicado
político, que não tem preparo para o cargo. Mas, com certeza, vai encontrar
muita resistência", avaliou o consultor em educação Renato Casagrande,
ex-pró-reitor Acadêmico e de Planejamento e Avaliação na Universidade Positivo,
em Curitiba.
"Se
o prefeito eleito não for capaz de convencer os professores de que a estratégia
dele vale a pena, vão lhe puxar o tapete. Se o secretário não mostrar a que
veio, o projeto fracassa. E, muito importante, precisa ter estratégia de
implantação [do novo modelo de administração], não basta apenas a novidade na
escolha [do secretário]", argumentou.
Sobrenome
famoso
Marcelo
Belinati carrega consigo um sobrenome famoso em Londrina. O tio dele, Antonio
Belinati, um ex-radialista, foi prefeito da cidade por três vezes entre as
décadas de 1970 e 90. No terceiro mandato, foi alvo de acusações de desvio de
dinheiro público, nepotismo, enriquecimento ilícito e fraude de licitações,
entre outras irregularidades.
"Devido
às acusações, foi afastado três vezes do cargo e, em 23 de junho de 2000, foi
cassado pela Câmara Municipal de Londrina por 14 votos a seis. Após a cassação,
o Tribunal de Contas do Paraná (TCE/PR) rejeitou a prestação de contas
referente à sua gestão na prefeitura nos anos de 1997 e 1998, apontando gastos
irregulares de cerca de 113 milhões de reais. Em 2001, foi preso duas vezes.
Após ser libertado, voltou a comandar um programa de rádio", registra o
verbete sobre ele no CPDOC da Fundação Getúlio Vargas.
Apesar
disso, Antonio Belinati seguiu um político popular na cidade. Candidatou-se
para um quarto mandato, em 2004, mas perdeu. Em 2008, venceu nas urnas, mas
teve o registro cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e não tomou
posse. A mulher dele, Emilia Belinati, foi vice-governadora entre 1995 e 2003,
sob Jaime Lerner (sem partido, então no DEM). Um filho do casal, Antonio Carlos
Belinati, primo de Marcelo, o prefeito eleito, foi deputado estadual.
Antonio
Belinati não foi encontrado pela reportagem para comentar o caso.
O processo de seleção será realizado em parceria com a Vetor Brasil, ONG que informa em seu site a missão de "desenvolver talentos e práticas no governo para oferecer serviços públicos de qualidade a quem mais precisa". A companhia tem apoio, dentre outros, da Fundação Lemann, do multimilionário Jorge Paulo Lemann.
O processo de seleção será realizado em parceria com a Vetor Brasil, ONG que informa em seu site a missão de "desenvolver talentos e práticas no governo para oferecer serviços públicos de qualidade a quem mais precisa". A companhia tem apoio, dentre outros, da Fundação Lemann, do multimilionário Jorge Paulo Lemann.
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