Ex-ministro
da Saúde é citado nas mensagens trocadas entre o doleiro Alberto Yousseff e o
deputado petista André Vargas
Outras
figuras estreladas do PT, o Partido dos Trabalhadores, aparecem em documentos
inéditos da investigação que levou para a prisão o doleiro Alberto Youssef,
acusado pela Polícia Federal de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que
movimentou 10 bilhões de reais.
Mensagens
interceptadas durante a Operação Lava Jato e obtidas por VEJA arrastam para o
escândalo o deputado Candido Vaccarezza (PT-SP) e o ex-ministro da Saúde
Alexandre Padilha, pré-candidato petista ao governo de São Paulo.
Os
nomes de Vaccarezza e Padilha aparecem em um relatório enviado à Justiça pela
Polícia Federal, detalhando a ligação do deputado André Vargas (PT-PR) com o
doleiro Youssef.
Mensagens
interceptadas pelos policiais mostram que Youssef participou, junto com André
Vargas, de uma reunião no apartamento de Vaccarezza, em Brasília, para tratar
de interesses do doleiro. Também esteve no encontro o empresário Pedro Paulo
Leoni Ramos, ex-ministro do governo Collor que já havia aparecido na
investigação como sócio oculto de Alberto Youssef no laboratório Labogen.
Graças à ajuda dos políticos amigos do doleiro, a Labogen, uma empresa de
fachada controlada por Youssef,
conseguiu fechar um contrato para fornecer remédios ao Ministério da
Saúde.
Na
troca de mensagens, datada de 25 de setembro do ano passado, Youssef avisa
André Vargas que acabou de chegar a Brasília e que precisa falar com ele. Diz
que viajou junto com PP, como é conhecido Pedro Paulo Leoni Ramos. “Achei que
você estivesse aqui na casa do Vacareza (sic)”, escreve o doleiro. “Tô indo”,
responde André Vargas.
Diz a
Polícia Federal no relatório: “Os indícios apontam que o alvo Alberto Youssef
mantinha relações com o deputado federal Candido Vaccarezza, inclusive
indicando que houve uma reunião na casa do deputado federal Vaccarezza, reunião
esta entre Alberto Youssef, deputado federal André Vargas e Pedro Paulo
Bergamaschi de Leoni Ramos”.
O
telefone do deputado Candido Vaccareza aparece destacado entre os contatos da
agenda de um dos aparelhos usados pelo doleiro.
No mesmo
dia do encontro no apartamento de Vaccarezza, Youssef volta a falar com André
Vargas. E diz que o deputado deve
“cobrar e ficar em cima”. “Senão não sai”, diz ele. Cinco minutos depois,
Vargas escreve: “(Em) 30 dias estará resolvido”. Para a polícia, eles estavam
articulando o contrato da Labogen com o Ministério da Saúde, assinado três
meses depois.
É
justamente em torno dos negócios que o grupo buscava para ganhar dinheiro com o
Labogen, um laboratório fantasma, que aparecem as referências diretas ao então
ministro Alexandre Padilha, agora pré-candidato ao governo paulista. Em 26 de
novembro de 2013, André Vargas diz que falou com “Pad”, que a PF relaciona a
Padilha. “Falei com Pad agora e ele vai marcar uma agenda comigo”, escreveu o
deputado ao doleiro.
As
referências a Padilha aparecem novamente em mensagens trocadas dois dias depois
pela dupla. André Vargas conversava com o doleiro sobre a contratação de um
executivo para a Labogen. O deputado avisa que o executivo escolhido
encontraria Youssef dias depois. E avisa que quem indicou o executivo para a
Labogen foi Padilha. Ele passa o número do tal executivo, um celular registrado
em Brasília, e na sequência arremata: “Foi Padilha que indicou”. Pelo número de
telefone, os investigadores identificaram o “indicado” como Marcus Cezar
Ferreira da Silva. “O executivo indicado por Alexandre Padilha”, como os
investigadores se referam a Marcus no relatório, trabalhou como assessor
parlamentar de um fundo de pensão controlado pelo PT.
Em 3
de dezembro de 2013, Youssef pergunta se André Vargas tem acesso a um superintendente da Caixa
Econômica Federal. Logo depois, o doleiro lembra o deputado da necessidade de
marcar uma reunião na Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa, dono
de uma carteira de ativos de 52 bilhões de reais. No dia 11 de março deste ano,
o doleiro e o deputado combinam de participar, juntos, de um encontro em
Brasília com um representante Funcef. De última hora, Vargas avisa que não
poderá ir mais e dá as coordenadas para que Youssef se dirigisse para o lugar
combinado – a sede da Funcef. Youssef pergunta então se pode usar o nome de
Vargas. O deputado prontamente diz que sim. Pelas mensagens, a reunião teria
sido com um dos diretores do fundo. Ao final, Youssef dá satisfação a Vargas:
“Acabei de ser atendido. Falo com você como foi”.
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