Câmara
cassa André Vargas, sócio do doleiro Youssef.
Rifado
pelo PT para não atrapalhar as eleições, deputado perdeu o mandato nesta
quarta-feira, após sessão tumultuada.
A
Câmara dos Deputados cassou nesta quarta-feira o primeiro mandato de um parlamentar
flagrado no maior propinoduto já decoberto no país. Por 359 votos a favor, o
paranaense André Vargas, filiado ao Partido dos Trabalhadores até abril, perdeu
o mandato por quebra de decoro parlamentar.
Homem
forte no PT, André Vargas ocupava a cobiçada primeira-vice-presidência da
Câmara quando seu nome apareceu na primeira etapa da Operação Lava Jato da
Polícia Federal, que à época se desenhava apenas uma grande investigação de
combate à lavagem de dinheiro. Os desdobramentos da operação revelaram que o
agora ex-deputado mantinha uma estreita relação com o doleiro Alberto Youssef,
pivô de um esquema de lavagem de recursos públicos desviados cujas proporções
ainda não foram totalmente dimensionadas. Segundo a Polícia Federal, Vargas era
sócio em negócios ilícitos de Youssef, como o laboratório de fachada Labogen,
usado para lavar 113,38 milhões de dólares em contratos de câmbio fictícios. O
jornal Folha de S. Paulo também revelou que Vargas chegou a viajar em férias
usabndo um jatinho fretado pelo doleiro.
Rifado
pelo PT para que não contaminasse algumas candidaturas da sigla, Vargas manteve
parte de sua influência na Câmara e contou com a ajuda de parlamentares do
partido para protelar o desfecho do processo por oito meses. Por pouco não
conseguiu encerrar a legislatura ileso, o que evitaria o enquadramento na Lei
da Ficha Limpa e a inelegibilidade pelos próximos oito anos. Nesta
quarta-feira, o deputado José Mentor (PT-SP) chegou a sentar na cadeira da
presidência da Câmara encerrar pela manhã a sessão destinada a votar o parecer
pela perda do mandato. A intenção era adiar a votação para a próxima semana, a
última antes do recesso, o que provavelmente salvaria Vargas. A manobra só não
deu certo porque a oposição pressionou e o presidente da Casa, Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN), retonou a sessão mais tarde.
Com o
voto aberto, as únicas manifestações favoráveis a Vargas partiram de seus
colegas petistas. Amigo do paranaense, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP),
cujo nome também ronda a Operação Lava Jato, saiu em defesa do colega: “Não é
correto falar que um deputado que vote ‘não’ seja a favor da corrupção. Nós
estamos votando aqui a cassação de um colega que acho que teve muita pouca base
de avaliação”, afirmou. No entanto, ao orientar o voto da bancada, o líder do
PT, Vicentinho (SP), defendeu a cassação do ex-petista.
Conhecido
pelo estilo fanfarrão e truculento, Vargas não compareceu à sessão para se
defender. Em uma última cartada para adiar a análise do processo, ele
apresentou um atestado médico alegando que havia passado por uma cirurgia na
boca. No entanto, o recurso foi negado sob o argumento de que o deputado
deveria ter solicitado análise da junta médica da Câmara. O deputado Eurico
Júnior (PV-RJ) assumiu a função de advogado dativo e fez a defesa do paranaense
em plenário. Sem conseguir negar a relação de Vargas com o doleiro, o defensor
pediu o abrandamento da pena: uma suspensão.
Ex-vice-presidente
da Câmara e ex-Secretário Nacional de Comunicação do PT, Vargas foi um dos
principais defensores dos políticos presos no julgamento do mensalão. Ao longo
do processo, o agora ex-deputado acusou o Supremo Tribunal Federal de estar
cedendo às pressões para agilizar o julgamento e deu uma série de declarações
para desqualificar a corte. Da tribuna, Vargas protagonizou uma das principais
cenas de desrespeito da Câmara ao hostilizar o então presidente do STF Joaquim
Barbosa repetindo o gesto dos mensaleiros
durante sessão solene no plenário.
OPINIÃO DO BLOGGER:
Não será supressa se muito em breve ele assumir um cargo no governo
federal ou em algum estado que o PT governa.
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