“DILMÃE,
EU QUERO/ DILMÃE, EU QUERO/ DILMÃE, EU QUERO MAMAAAR’; “AH, QUE BOM SERIA/ SE O
PETISTA SOUBESSE ECONOMIA”...
Eita!
Eu não tinha visto ainda. No vídeo abaixo, o ministro Miguel Rossetto
(Secretaria Geral da Presidência) é homenageado num voo, consta, Brasília-São
Paulo. A postagem mais antiga no Youtube é do 27 de maio.
Os refrãos:
– “Dilmãe, eu quero, Dimãe,
eu quero mamar/ Dá uma teta, dá uma teta/ dá uma teta pro petista mamar”;
– Ô, vamos fechar o PT,
vamos fechar o PT, vamos fechar o petêêê…
– Ah, que bom seria/ se
petista entendesse economia…
Assistam.
Volto em seguida.
Notem
que o comportamento no voo parece ser compatível com os só 9% que acham o
governo Dilma ótimo ou bom. E avião, hoje, como dizem os petistas, é um símbolo
da integração de classes, já que um dos orgulhos dos companheiros, segundo eles
mesmos, é fazer pobre voar. Quem não se manifesta, por timidez ou algum outro
receio, expressa sua anuência com um sorriso.
Reparem
num jovem loura, à direita no vídeo. Ela chega a ensaiar uma adesão explícita,
avança um pouquinho, recua. Numa próxima, vez, tudo indica, ela se joga…
É, a
coisa não vai bem para eles porque não vai bem para o país. Noticio o que está
por aí, mas, já disse, não endosso esse tipo de manifestação — e não é
hipocrisia, não. Por outro lado, é absolutamente compreensível o que está em
curso.
Ao
longo de 12 anos, estamos no 13º da gestão companheira, seja no discurso
oficial, seja nas redes sociais, seja nas ruas mesmo, os petistas foram de uma
arrogância insuportável. Nunca quiserem debater. Sempre preferiram o caminho da
desqualificação da crítica. Não souberam, o que é impressionante, ouvir nem os
próprios aliados.
É
sintomático que justamente Miguel Rossetto tenha sido alvo das manifestações de
desagrado. Ele nem é assim um ministro tão conhecido. Ocorre que sua principal
tarefa no governo é ouvir os tais movimentos sociais. E o que são os movimentos
sociais? Ora, nada mais do que franjas do PT: MST. MTST, quilombolas,
sindicalismo gay e vai por aí… Pergunta: quem conversa com o cidadão que não
tem estrela no peito, que não pertence a movimento nenhum, que é representante
apenas do seu próprio esforço e de sua dedicação ao trabalho?
Resposta:
ninguém!
Eis
aí: enquanto a economia brasileira se ancorou em alguns pilares de barro —
iriam ruir, mas sustentaram a fantasia redistributivista do petismo —, os
militantes ocuparam a cena, calaram os que resistiam na base do berro e da
intimidação, sonharam com dois mil anos de poder, brincaram de Terceiro Reich…
Os
críticos não eram críticos, mas sabotadores; os adversários não eram
adversários, mas inimigos.Ou se estava com eles, na posição de subordinado, de
joelhos, ou se estava contra eles. E, nesse caso, pobre de quem se tornou alvo
da máquina de desqualificar biografias. Lula já tinha destruído toda a memória
do sindicalismo que veio antes. E se encarregou também de reescrever a história
política.
Assim,
um notável democrata, como FHC, que, com o Plano Real, tirou o país da rota do
desastre, passou a ser o arquiteto da herança maldita. O ex-presidente seria
aquele que só fez mal ao Brasil, que não olhou para os pobres, que fabricou um
regime de exclusão. José Sarney e Fernando Collor, no entanto, ex-adversários
de Lula, bandearam-se para o governo e passaram a ser tratados como homens de
ilibada trajetória democrática.
Quando
o ministro encarregado de falar com os movimentos sociais é alvo de tal
manifestação num avião, estamos diante do fim de uma quimera. Acabou a
brincadeira. A distopia petista condenou o Brasil ao atraso e levou a
administração pública ao grau zero da moralidade e da ética.
No
vídeo, Rossetto se zanga e argumenta com o dedo em riste. É compreensível que
não goste. Espero, no entanto, que aprenda alguma coisa. Ele tem dois caminhos:
a) admitir os desastres da gestão petista, o que, creio, não fará; b) imaginar
que aqueles trabalhadores que protestam no avião são todos procuradores da
velha ordem burguesa, que seu partido, o PT, jurou combater, contando, para
tanto, com o concurso de José Sarney e de Fernando Collor.
O PT
se desmancha numa velocidade que impressiona até os que sempre torceram por
isso. Suas bases eram mais frágeis do que imaginaram seus críticos. E essa, sem dúvida, é uma boa notícia.
Por: Reinaldo Azevedo
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